Aluísio de Azevedo

Biografia | Obra: trecho do livro "O Cortiço"

Biografia
Aluísio Tancredo Gonçalves, nasceu em São Luís, capital do Maranhão, em 1857. Era um excelente caricaturista, desenhista e, mais tarde, o inaugurador do nosso Naturalismo. Morou um tempo no Rio de Janeiro e regressou a São Luís quando a pai morreu.
Em 1895 conseguiria ingressar na carreira diplomática: Espanha, Japão e Argentina. Depois de outras andanças sul-americanas e européias, voltou a fixar-se em Buenos Aires, junto com a companheira, Pastora, e dos filhos do primeiro matrimônio dela. Desde o ingresso na carreira diplomática, até morrer, em janeiro de 1913, Aluísio Azevedo nunca mais escreveu ficção.
Aluísio Azevedo pretendeu interpretar a realidade de uma camada social, quer pelo determinismo - teoria que o autor considera válida.
A cronologia da produção literária do escritor chama a atenção pelo fato de as obras naturalistas e as românticas serem, muitas vezes, simultâneas. O desnível de qualidade de seus romances certamente decorria da necessidade de escrever seguidamente, fazendo concessões ao público.
Segundo a crítica, o defeito de sua obra naturalista reside no fato de as personagens se reduzirem a meros tipos , esquemas sem vida interior. Sua grande virtude está, segundo a mesma crítica, no poder de retratar agrupamentos humanos.
Suas obras foram:

Trecho do livro "O Cortiço"


Aluísio de Azevedo

  E viu a Rita Baiana, que fora trocar o vestido por uma saia, surgir de ombros e braços nus, para dançar. A lua destoldar-se nesse momento, envolvendo-a na sua cama de prata, a cujo refulgir os meneios da mestiça melhor se acentuavam, cheios de uma graça irresistível, simples, primitiva, feita toda de pecado, toda de paraíso, com muito de serpente e muito de mulher.
Ela saltou em meio da roda, com os braços na cintura, rebolando as ilhargas e bamboleando a cabeça, ora para a esquerda, ora para a direita, como numa sofreguidão de gozo carnal num requebrado luxurioso que a punha ofegante; já correndo de barriga empinada; já recuando de braços estendidos, a tremer toda, como se fosse afundando num prazer grosso que nem azeite em que se não toma pé e nunca se encontra fundo. Depois, como se voltasse à vida, soltava um gemido prolongado, estalando os dedos no ar e vergando as pernas, descendo, subindo, sem nunca parar com os quadris, e em seguida sapateava, miúdo e cerrado freneticamente, erguendo e abaixando os braços, que dobrava, ora um, ora outro, sobre a nuca, enquanto a carne lhe fervia toda, fibra por fibra titilando.

 

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