Cecília Meireles

Biografia | Obra: Despedida

Biografia
Cecília Meireles nasceu no Rio de Janeiro em 1901 e aí faleceu em 1964. Dedicou-se ao magistério primário e universitário, escreveu sobre literatura infantil, folclore, fez crítica literária e colaborou na imprensa. A sua obra ocupa um lugar à parte em nossa literatura, pois, diferentemente das intenções nacionalistas e das inovações da linguagem, a sua poesia manteve-se presa ao lirismo de tradição portuguesa, mas com uma expressão bem pessoal. Herdando e ao mesmo tempo depurando a linguagem musical e cadenciada do Simbolismo, sua habilidade poética e seu lirismo transformaram em belos poemas. Manifestando uma resignação madura perante as angústias da vida, sua poesia, marcada por uma nota de tristeza e desencanto revela-se como uma das mais significativas expressões do lirismo moderno.
De sua obra poética, destacam-se: Viagem (1929); Vaga música (1942); Mar absoluto (1945); Retrato natural (1949); Doze noturnos da Holanda (1952); O aeronauta (1952); Romanceiro da Inconfidência (1953); Canções (1956); Metal rosicler (1960); Poemas escritos na Índia (1962); Solombra (1963).

Despedida


Cecília Meireles

Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão,
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:
quero solidão.

Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? - me perguntarão.
- Por não ter palavras, por não ter imagens,
Nenhum inimigo e nenhum irmão.

Que procuras? Tudo. Que desejas? - Nada.
Viajo sozinha com meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.

A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?

Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra...)
Quero solidão.

 

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