Fernando
Pessoa
Biografia
| Obra: Eros e Psique
Biografia
Fernando Antônio Nogueira
Pessoa nasceu em Lisboa em 13 de junho de 1888. Aos 5 anos perdeu
o pai - crítico musical. Com o segundo casamento da mãe, foi
levado, em 1896, para Durban, na África do Sul, onde fez os
cursos correspondentes ao primeiro e ao segundo grau.
Em 1901, escreveu seus primeiros poemas, em inglês.
Em 1905, voltou sozinho para Lisboa e iniciou o curso superior de
Letras, que deixou no ano seguinte. Três anos mais tarde, passou
a trabalhar como tradutor autônomo em escritórios comerciais.
Publicou estudos sobre a literatura portuguesa em A Águia
(1.912) e poemas em A Renascença (1914). Foi nessa época que
criou seus heterônimos principais; três personagens distintos:
Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis.
Em 1915, apareceram os dois números da revista Orfeu (o segundo
foi dirigido por Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneiro) com o
Ode triunfal, a Ode marítima e outros textos que já revelavam o
inconfundível talento do poeta.
Em 1929, organizou, com Antônio Boto, uma antologia dos poetas
portugueses modernos. Em sua fase de maior atividade, lançou
diversas teorias estéticas, como o sensacionismo, o paulismo e o
interseccionismo.
Vivia, então, em quartos alugados, sujeito a crise de depressão
e alcoolismo. Com Mensagem (1934), único livro em português que
publicou em vida, concorreu ao prêmio Antero de Quental, do
Secretariado de Propaganda Nacional. Como a obra era muito
pequena, segundo a justificativa alegada, na ocasião ganhou o
2º lugar. O livro é um conjunto de poemas sobre os mitos
portugueses em que, a par de alta emotividade, se manifesta em
profunda reflexão.
Pessoa não apenas dominou, como também atualizou e desenvolveu
todas as técnicas e vertentes da expressão poética disponível
em Portugal no século XX. De um lado, como alguém capaz de
assenhorar, em termos práticos, desses meios que uma sociedade
culturalmente rica e tradicionalmente literária tinha acumulado;
e de outro, por sua formação inglesa de língua
tradicionalmente racionalista, como alguém igualmente capaz de
modificar aquela realidade cultural e seu legado em que a poesia
se cristalizava, Pessoa se transforma em ornamento social e de
veneração em torno das saudades não resolvidas, da exaltação
patriótica ou pitoresca.
Observa-se na obra de Fernando Pessoa uma nova dinâmica do
trabalho literário.
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Fernando Pessoa |
Conta
lenda que dormia Uma Princesa encantada A quem só despertaria Um Infante, que viria De além do muro da estrada. Ele tinha que, tentado, Vencer o mal e o bem, Antes que, já libertado, Deixasse o camino errado Por o que à Princesa vem. A Princesa Adormecida, Se espera, dormindo espera. Sonha em morte a sua vida, E orna-lhe a fronte esquecida, Verde, uma grinalda de hera. Longe, o Infante, esforçado, Sem saber que intuito tem, Rompe o caminho fadado. Ele dela é ignorado. Ela para ele é ninguém. Mas cada um cumpre o Destino - Ela dormindo encantada, Ele buscando-a sem tino Pelo processo divino Que faz existir a estrada. E, se bem que seja obscuro Tudo pela estrada fora, E falso, ele vem seguro, E, vencendo estrada e muro, Chega onde em sono ela mora. E, ainda tonto do que houvera, À cabeça, em maresia, Ergue a mão, e encontra hera, E vê que ela mesmo era A princesa que dormia. |
bibliografia: