Manuel Bandeira

Biografia | Obra: Poética

Biografia
Manuel Bandeira (1886-1968), considerado um dos mais importantes da literatura nacional estreou na poesia em 1917 com o livro A Cinza Das Horas. Dois anos depois "Carnaval" inaugurou um novo tipo de poesia no cenário brasileiro. Em 1922 os promotores da Semana de Arte Moderna escolheram Os Sapos, um dos poemas do livro Carnaval, como uma espécie de hino do seu movimento. Em 1924, Ritmo Dissoluto firmou sua posição como um dos grandes nomes do Modernismo. Embora marcada pelo Modernismo, sua produção abrange experiências que vão do simbolismo à poesia concreta, sempre valorizados pela maestria dos versos e o grande poder de síntese. Tratou de temas como o amor, a morte, o cotidiano, aliando freqüentemente, o humor e a ironia amarga e uma fina sensibilidade. Manuel Bandeira destacou-se também como prosador, como cronista e como memorialista.

Poética


  Manuel Bandeira

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.

Abaixo aos puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo.

De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar
com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar
às mulheres etc.

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare
- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

 

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